quinta-feira, 16 de julho de 2009

Vida, interrompida.

E, finalmente, eu entendo a beleza do (possivelmente) mais famoso poema do Drummond*. Entendi... de repente... como alguem que acha uma pedra no meio do caminho. So' que, no meu caso, a pedra foi um buraco.

Cheguei em Bangkok com tudo!
Entre os milhares, eu tinha a coragem. Entre as dezenas, eu fui um dos 7. Entre os mais de trinta eu tinha sido a unica.

Entao, com tudo, la estava eu. A mochila pesada nas costas. O interesse nutrido por dois anos. A bolsa, os bahts, os dolares que se tornariam kyats.Vontade, completa de boa vontade. Camera nova. Os ideais e o idealismo que permeiam o meu coracao. Um guia, alguns textos impressos. O pouco conhecimento e as leituras que suplementam meu ativismo e a minha paixao. Energia, esperanca. Empolgacao. Meu pai como exemplo. Eu era corpo e alma. Eu tinha cara e muita coragem. Eu tinha tudo.


Mas... um buraco. Tinha um buraco no meio do caminho. E o buraco me tomou o pe'. E eu tinha tudo, menos o pe' esquerdo. E sem o pe' esquerdo TUDO era nada.



* No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade
In Alguma Poesia
Ed. Pindorama, 1930

domingo, 12 de julho de 2009

Amor maior que eu



Você deve estar me achando a maior chata e boba... Mas quanto mais o tempo passa, conjugado com essa distância enorme, mais eu percebo o quanto vc é especial para mim. Então eu sigo declarando o meu amor. Porque, na verdade, não estou repetindo a mesma coisa. Estou falando de quantidades de amor e afeto e carinho e admiração e amizade diferentes, maiores, mais conscientes e mais concretos a cada dia.


Fabi, vc e' a mulher da minha vida!

Desejos Fúnebres

Isso aqui é sério e é importante. Mesmo.

Quando eu morrer eu quero que o máximo do meu corpo seja aproveitado: órgãos doados e o que não tiver jeito de ser aproveitado por uma pessoa precisando de mais saúde, que seja doado para a ciência.

E, por favor, não fiquem gastando dinheiro pra transportar meu corpo daqui pra ali. Doem meu corpo para o curso de anatomia mais próximo!

Não chorem a minha morte: celebrem a minha vida. Saibam que eu adorei viver, com todas as minhas forcas. E que a minha vida, ate agora, foi abencoada por sorte, saude, felicidade e coisa boa. Muita coisa boa.

Nada de flores! Pelo amor de Deus, não vão matar mais um moooonte de seres só pq eu morri. Se não conseguir passar sem as flores, plantem flores e árvores. Mas NÃO as arranquem.

E' claro que quem estiver a fim de chorar, pode chorar, deve chorar. Mas, por favor, sem culpas e sem dramas. E lembre-se das coisas boas que vivemos juntos. E lembre-se do quanto voce foi importante para mim e me fez rir e sorrir e viver um monte de trem que foi, no minimo, da maior importancia para o meu crescimento.

E, se eu tiver inconscientemente, feito alguma coisa que te machucou, me desculpa.
Se eu tiver sido uma babaca e ainda nao me arrependi, ou me arrependi e nao tive tempo/coragem para me desculpar. Por favor, tente me perdoar agora.

Bem... acho que e' isso.

Olha, não fiquem preocupados, isso não é, nem de perto, uma carta suicida. Acho que quando se mora longe, pensa-se mais na fugacidade da vida. E eu, particularmente, penso em morte quando estou prestes a viajar. E estou para fazer uma grande viagem !



Ah, e se quiserem meu cabelo pra fazer peruca, também pode ;)
Aproveitem cada tiquim do que sobrar de mim. Vale?