quinta-feira, 23 de março de 2017

Ain't no mountain high enough



Há anos não escrevo...
E também conheço outra pisciana artista que, há anos, não pintava.
Mas, se mudou daqui e o seu dom voltou a ela.

Aqui, quase nunca há luz.
E é tudo baixo, apertado, não dá perspectiva.
Quase todos veem tudo do mesmo modo, do mesmo jeito, da mesma distância.
Superficial
Sombras e cinzas. Para que pintar?
São tod@s iguais

E escrever sobre o que?
Sobre andar de bicicleta por ruas de paredes de tijolos amarelos, nesse vento que te rasga a roupa e congela os sonhos?
Sobre encher a cara de doces quentes pra ver se se consegue soldar por dentro a alma estilhaçada?

Eu me quebrei tentando ser igual
Me quebrei porque, ao acusa-los de não aceitar diferenças,
descuidei de mim.
Por que olhei tanto pra eles e tão pouco pra mim?

Não sei como me emendo,
Tenho medo de que os sonhos congelados tenham perdido para sempre o frescor.
Tenho medo de que os sonhos congelados, derretidos, peguem gosto amargo,
Independente dos 30kg de doce que eu enfiei dentro.
Hoje sou o dobro de nada de bom.

Tenho medo de nunca mais gostar de mim,
mesmo que me instale nas montanhas mais altas.

Quero voltar pra eu.