domingo, 28 de junho de 2009

O Chamado


A vida real está me chamando lá fora, com sol, lua e infinitas possibilidades.
Volto quando estiver vivendo menos.

Até!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Importância

Entre aqueles braços
Eu descobri que o meu desejo e a minha satifação
cabem em outros beijos e abraços
Eles não estao condenados a pertencerem a alguém
Eles são meus, só meus

E eu os dou pra quem eu quiser



... depois é só eu pegar de volta!

Chocolates amargos


Ela deu a ele uma caixa de chocolates que trouxera de muito longe.
Os bombons estavam derretidos.
Mesmo assim, quando ele recebeu os chocolates, agradeceu: com sorriso nos olhos e palavras nos lábios.
Alguns dias depois ela recebeu seu vômito: eletrônico e amargurado.

Strawberry Fields Forever



Morangos nao sao apenas morangos
Morangos sao inverno no Brasil
e sao primavera na Suécia
Mas o importante é que, nos dois lugares,
Só há morangos quando o tempo é fresco o suficiente
... ou morno o suficiente

Temperatura ótima!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Disse que disse

Diz a minha tia que o Fernando Pessoa disse isso:

"Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um."

As duas pessoas sao muito espertas: o Fernando e ela.

sábado, 20 de junho de 2009

Dia Mundial dos Refugiados

Hoje é o dia Mundial dos Refugiados. Isso nao significa tanto para os meus amigos brasileiros, o que - como tudo na vida - pode ser visto desde ângulos positivos e negativos.

O aspecto positivo, na minha opiniao, é o fato de que o Brasil, há muito, nao tem problemas que levam ao refúgio. É claro que existem os deslocados internos (acho que esse é o termo em português para internally displaced person) e êxodos dentro do Brasil, tanto por causas econômicas quanto por desastres naturais ou os dois combinados. E eles sao graves e inúmeros.

Mas o sentido de refugiado ao qual me refiro e ao qual o dia de hoje se dedica é aquele adotado pelo estatudo dos refugiados: pessoa que encontra-se fora de seu país de origem e não pode (ou não quer) regressar ao mesmo "por causa de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política”. Esse conceito depois foi emendado por outras convençoes, para incluir também quem teve que deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos.

Nesse sentido, apesar da violência e da desigualdade econômica - vivenciada por todos a cada dia - e do racismo, do machismo e de outras formas de discriminaçao - vivenciada pelas minorias - felizmente nao precisamos buscar outro país para vivermos como consequência de sermos vítimas de perseguiçao. E, desde o processo de redemocratizaçao, o Brasil nao é um país "exportador" de refugiados.

Já os aspectos negativos da ausência de costume dos brasileiros ao convívio com refugiados, ao meu ver, sao vários. Em primeiro lugar eu destacaria a falta de percepçao de que eles existem. É uma falta grave ignorar cerca de 16 milhoes de pessoas em todo o mundo*. E eu nao estou falando da ignorância do brasileiro médio. Estou falando da ignorância em que se recolhem a maior parte dos meus amigos, que sao gente de classe média-alta, que vive em grandes centros e dispoe de amplo acesso a informaçao e a cultura. Ignorância da qual eu também era vítima antes de me mudar para a Suécia.

É claro que essa ignorância tem desculpas e justificativas muito plausíveis que vao desde o descaso da mídia - que nao dá pra discutir agora e seria assunto pra mais de um zilhao de posts - ao fato de o Brasil nao receber refugiados. E sobre o último eu quero, sim, discutir.

Antes de me mudar pra Suécia pra estudar direitos humanos eu já me interessava pelo tema de refúgio e tinha vontade de escrever a minha tese sobre o assunto, mas eu nao sabia quase absolutamente nada sobre isso. É claro que nos quase 10 meses que estou aqui aprendi um pouco. Contribuíram para o meu aprendizado diversos fatores: as aulas no mestrado sobre direito dos refugiados, o fato de eu frequentar congressos sobre os direitos dos refugiados, etc.

No entanto, a minha percepçao e o conhecimento sobre o tema mudaram substancialmente pela circusntância de os refugiados fazerem parte da minha rotina. Vários de meus vizinhos, companheiros de sala, e outras pessoas iguais a mim sao refugiados. Tenho amigos próximos que foram refugiados de guerra. A experiência de todos eles é traumática, claro, mas cada um a enfrenta de formas diferentes. Dentro da mesma família é muito diferente o resultado que o evento causou. Enquanto alguns se sentem muito bem no país que os abrigou, outros só querem voltar - o que também é assunto para outro post.

Enfim, o assunto desse post é que o Brasil recebe muito poucos refugiados tanto em número quanto comparativamente - o que choca, quando se sabe que é considerado pelo ACNUR (Alto Comissariado das Naçoes Unidas para Refugiados) um dos países mais justos e democráticos do mundo no que diz respeito ao processo de concessao de azilo.

A Lei 9474 de 1997, é a lei brasileira que determina os mecanismos de interpretaçao do Estatuto dos Refugiados (adotado pelas Naçoes Unidas em 1951). Essa lei foi o primeiro ato legislativo da América do Sul a considerar violaçoes graves e generalizadas aos direitos humanos como base para obentaçao da condiçao de refugiado e se converteu em um modelo para a regiao. A lei garante aos solicitantes de asilo o direito de trabalhar e de utilizar os serviços públicos, de saúde e de educaçao enquanto aguarda a decisao de sua solicitaçao de azilo. A lei também garante o provimento de aulas de português e de auxílio linguístico a fim de que o refugiado se integre com mais facilidade à sociedade. É óbvio que uma vez constatado o status de refugiado e concedido abrigo, esses direitos permanecem.

Além do avançado sistema de recepçao adotado pela legislaçao brasileira, as decisoes sobre a concessao ou nao do status de refugiado proferidas pelo CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) levam em consideraçao a perseguiçao de gênero e contam com um amplo conceito no que se refere aos familiares das vítimas de perseguiçao, incluindo avós e até sobrinhos.

Mas por que, entao, ninguém conhece nenhum refugiado? Por que o número de refugiados é de menos de 4000 em todo o imenso território brasileiro?

A conclusao nao é nenhum pouco brilhante, é óbvia. Os refugiados abrigados no Brasil tem os mesmos direitos que qualquer cidadao brasileiro.

E, parece estranho dizer isso, mas todos os cidadaos brasileiros tem direito a educaçao, a saúde, a moradia, a nao-discriminaçao, a cultura, a lazer, meio-ambiente saudável e a mais uma porçao de outras coisas essenciais. Todas elas asseguradas pela constituiçao. E a constituiçao é a Lei Maior, base fundamental de todo o ordenamento jurídico. Muito maior do que qualquer lei ordinária que regula a concessao de azilo.

Sim, todos os brasileiros tem direitos. Mas quais brasileiros tem acesso e vêem esses direitos realmente cumpridos e implementados pelo Estado? Os exemplos sao tao raros e a desigualdade tao grande que, muitas vezes, quando a um brasileiro é oferecido serviço público de qualidade, ele tem a impressao de que está recebendo um favor. E também é muito comum no Brasil a mentalidade de que tudo que é público deve ser do mais barato, do mais feio, do mais chinfrim - como se o público nao fosse dele.

Assim, o que sobra para os refugiados? Um pedaço de papel e as dificuldades de nao falarem portugues, nao terem amigos, nao terem uma network e terem traumas e terem medo e terem desespero e terem esperança. Será esperança suficiente?

E aos brasileiros, o que sobra? Um pedaço de papel que se convencionou mais importante que os outros, uma das piores distruibuiçao de renda do planeta, violência, esperteza -burra, e coraçoes que parecem ser grande e caber todos. Mas serao os coraçoes grandes o suficiente?


*Segundo o relatório Refúgio no mundo: 2008 tendências globais, publicado esse mês pelo ACNUR



Barcelona finalmente me mostra a sua verdadeira face

Eu acho que sou um tanto egoísta.

Assim... na verdade mesmo acho que sou uma loner, mas nao sei muito a diferença nao, se é que ela existe. O negócio é que eu esqueço disso e me enfio em grupos quase sem perceber. Mas acho que sou menos feliz quando esqueço da minha verdadeira vocaçao pra solidao, sei lá...

Também nao sei quando tomei a consciência de que sou loner, mas foi há muito tempo, na infância ou adolescência. Talvez o fato de ter sido filha única por 6 anos e meio tenha ajudado. E depois ainda teve o agravante de o meu irmao ser bem mais novo e tal.

A verdade é que quando penso nas minhas viagens, a maioria das minhas recordaçoes mais gostosas e fascinantes aconteceram quando eu estava sozinha. E eu peço que me perdoem, por favor, quem já viajou comigo. A grandicíssima maioria das minhas viagens acompanhada também foi muito legal e eu adoro viajar com os meus amigos.

O lance é que gosto de silêncio e preciso do silêncio pra organizar minhas idéias, pra ouvir os meus insigths. E também adoro conversar, bater-papo, trocar idéias e impressoes. Mas eu acho que demanda muita energia de mim manter uma conversa o tempo todo. E sao raras as pessoas que aceitam o silêncio sem estranhamento. A maioria acha que tem que haver diálogo e barulho o tempo todo.

Enfim... nao sei direito o que acontece, mas sei que muitas vezes gosto de estar só e que é nessas horas que muitas coisas interessantes acontecem. Já contei pra um amigo hoje, o que aconteceu ontem. Entao vou posar a conversa aqui.

Alê says:

oi, vc tá acordaNDO ou tá indo dormir?

Telmo says:

Hello amiga

Acordando

Alê says:

hello, legal!

cara, finalmente bcn me mostra a sua loucura, me mostra a que veio

ontem foi um dia louco

Telmo says:

Si?

Alê says:

síii, finalmente

Telmo says:

Cuentame, cuentame

Alê says:

é que eu estou finalmente sozinha, depois de 2 semanas rodeada de gente 24hs

e eu preciso de tempo sozinh

e acho que a loucura me acha mais fácil qdo eu to sozinha

Telmo says:

Sei

Alê says:

a partir do momento que eu deixei a minha amiga americana encontrando o namorado sueco na praca catalunya, toda a loucura comecou

Telmo says:

Ebaaa

conta aí

Que loucura?

Alê says:

uai, fui procurar uma livraria-café

e acabei indo por outro caminho

e havia um trem anunciando uns contos que comecariam em 10 minutos

perguntei se tinha vaga, tinha, se era em espanhol, era. Entrei

e os contos foram doidos, foram massa e eu curti demais

depois continuei a minha busca pela livraria-café

aí, no meio do camino, encontro uma micro-trioelétrico

com um monte de gente acompanhando no meio da rua

mas com música eletronica

bem legal, todo mundo doido, animado

e os mouros vendendo cerveja e vindo atrás de mim

Telmo says:

Claro

Alê says:

cara, nao sei o que eu tenho que encanta os mouros, rs

Telmo says:

Sii?

Alê says:

siiiim, é mto engracado, e um pouco assustador ao mesmo tempo

Telmo says:

Entendo perfeitamente

Alê says:

e depois no meio disso tudo encontrei uns suecos, o que tb foi engracado

Telmo says:

rs

Alê says:

mas o minicarnaval eletronico em raval foi o bicho,

e foi engracado pq eu tava tomando água -sempre - e os suecos comecaram a perguntar que droga eu estava usando,

Telmo says:

kkkkkkkkkkkk

Alê says:

depois acho que a bateria do mini trioelétrico acabou e eu fui achar a tal livraria. mas, já estava na porta

achei que a livraria fosse doida,

mas nao

um café com alguns livros

nada demais

pensei que fosse uma livraria cebo muito doida, num lugar magnífico, com altos livros antigos

só mais um café enfumacado, com uns livrinhos mixurucos

Telmo says:

rsrs

Alê says:

no meio da galera massa, tinha um cara que me lembrou mto vc

Telmo says:

Si?

Pq?

Alê says:

demais

jeitao, sei explicar nao

Telmo says:

Ah

Já sei

Pq ele te achou feia, sem graça e sem charme, como eu acho?

hahahahahahahaha

Alê says:

hahahahaha, eu nao sei o que ele achou de mim nao

Telmo says:

rs

Alê says:

o msn caiu, mas eu estava dizendo que eu nao sei o que ele achou de mim nao

mas eu achei que ele lembrava vc, rs

Telmo says:

O parecido comigo era de qual etnia?

Alê says:

vc pode me fazer um favor?

Telmo says:

si, por supuesto.

Alê says:

me mandar a nossa conversa desde o início... é só copiar e colar num email

Alê dice: (13:54:02)
é que quero usá-la num post que estou escrevendo agora
Telmo dice: (13:54:18)
Pronto
Telmo dice: (13:54:51)
Your wish is my comand
Alê dice: (13:56:04)
obrigada! pra que e-mail vc mandou.... já recebi!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Descabelando!


Recebi um e-mail outro dia que queria colocar aqui. Mas já joguei fora.
Dizia que as coisas boas da vida descabelam. E desejava que todas as mulheres vivessem descabeladas.

Eu desejo que todas as pessoas que eu gosto se descabelem toda hora que acharem que vale a pena!

Desde que saí da Suécia sem bilhete de volta, para aproveitar o verao do hemisfério norte, tudo o que quero é me deixar descabelar pelo vento (or whomever) e seguir pra onde o meu cabelo indicar, como se eu fosse a minha própria biruta...

Uai, e eu nao sou?



Barcelona, 18 de junho de 2009.

Pois é... Nao posso reclamar de nada nessa vida. Tudo que peco, recebo de presente do universo. Se tem algum defeito, a culpa é minha, que pedi errado. Hoje acordei cedo, pra vir pra escola de espanhol. Chequei rapidamente meus e-mails, no celular mesmo. Olha só o que encontrei! (Nao sao lindas essas sincronicidades?)

VIVER DESPENTEADA

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade…

O mundo é louco, definitivamente louco…O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro. O sol que ilumina o teu rosto enruga. E o que é realmente bom dessa vida, despenteia…
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar a pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado…, mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.

É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.

Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora, o aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique seria… é, talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?

Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita…

A pessoa mais bonita que posso ser!

O único que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.

Por isso, minha recomendação a todas as mulheres: entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável, admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo:

***Deixa a vida te despentear!!!***

O pior que pode passar é que, rindo em frente ao espelho, você precise se pentear de novo...



sexta-feira, 12 de junho de 2009

Déjà-vu

Acabei de escrever o post aí embaixo e quando olhei a data tive certeza: já vi essa cena, já tive essa sensação...
Há exatos 7 anos era copa do mundo não sei onde... mas sei que era em algum lugar distante, porque os jogos só passavam no Brasil no meio da noite. E eu sempre gostei de dormir cedo - com exceção dos tempos que andei fora de mim lá na Suécia.* E também sempre gostei de copa do mundo. O fato é que nesse dia de sete anos atrás, eu estava doente e resolvi ficar em casa e descansar, ao invés de ir com os meus amigos - e com um amigo mais especial que os outros - pra um bar assitir o jogo.
Não me lembro mais se eu queria assistir o jogo de casa... ou se só ia dormir mesmo.
Me lembro que estava muito doente... com aquela sensação que a doença dá de que se está muito vivo. Sabe aquilo... quando o corpo luta para combater a febre e a gente sente muito e sente tudo e sente tudo muito?
E no meio de tanto sentimento eu senti uma vontade imensa de dizer pra esse meu amigo especial o quanto ele significava para mim, o quanto eu o admirava, o quanto ele me fazia entender as coisas de uma forma diferente, o tanto que era bom tê-lo por perto. Entao, como quase sempre faço, resolvi escrever uma carta comunicando isso tudo.
E escrevi, e escrevi, e escrevi... no final havia um monte de coisas boas pra esse meu amigo.
E depois do final resolvi colocar a data.
Quando escrevi a data me dei conta: é dia dos namorados. E eu estou completamente apaixonada pelo meu amigo.
Entreguei a carta e escolhi a amizade.

Hoje escrevi e em seguida percebi que é dia dos namorados, assim como aconteceu naquele dia. Me lembrei dessa história, mas não me dei conta da mesma coisa de aquela vez. E queria ter dado... queria sentir muito, queria sentir tudo, como senti aquele dia.

Agora me veio um insight: DAR-SE CONTA. Acho que é isso. Preciso primeiro dar-me a mim mesma, para depois ganhar as contas.

*Estou em Barcelona, btw.

Nem um nem outro









Apesar de tanta confusão com os nomes, descobri. Nem Deus, nem Demônio. Era só um homem.