terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Trem

Na minha vida de menina mineira passaram 29 anos. E vários trens. Mas nunca havia passado antes um trem tão poético quanto o de hoje. Tão poético que foi, levando o próprio poeta.
E eu fiquei na estação, sabendo que só fico ali até seguir para onde quer que eu queira. Desejando novos poemas e certa de que eles estão chegando. Venham de trem, de avião, de bicicleta. Andando ou nadando. Ou caindo de para-quedas. Que venham, que trombem em mim pelos paralelepípedos mais próximos! E que sejam translúcidos ou de cores definidas. Ou não. O importante, mesmo, é que poesias sempre hajam no livro da minha vida.
A poesia desse poeta que o trem levou era tão ambígua que ainda não sei dizer se foi ruim ou se foi boa. Não, foi ruim e boa. E também altamente confusa.
Hoje acordei pensando nele, no quanto a sua força me libertou e no quanto as suas palavras me prenderam. E eu pensava que estava livre. Até que logo outras palavras vieram e eu me percebi presa de novo.
Tudo começou com poesia... foi uma das primeiras palavras que ele me disse. E lindamente poético também foi hoje - provável fim - que despertou com pensamentos sobre liberdade, seguidos por sentimentos de prisão criados por palavras encantadas no celular e depois desfeitos com os números mágicos do horário que o trem partiu. Mas antes de partir, às 14:28, esse trem trouxe certezas de que mais que bons, ruins e confusos, aqueles poemas foram muito especiais. E outros ainda mais especiais estão prestes a dobrar a esquina e vir ao meu encontro.



Hoje foi como sempre foi entre nós: confusão poética contruída por ansiedade aguda em meio a intensos versos rápidos de hi e bye.

"All the days spent together, I wish for better
and I didn't want the train to come, now it's departed"
Warwick Avenue, cantando por Duffy. Não sei quem é o autor.

Nenhum comentário: