terça-feira, 2 de março de 2010

O pulo do gato.

Eu estava aqui: quieta, decidida. Tinha deixado tudo, tudo para trás e superado totalmente o desejo bobo por abraços aconchegantes que me acompanhou nas primeiras semanas do ano. Eu era só tese, trabalho, direitos humanos e humanitários. Às vezes yôga e tarot, meus amigos e minhas viagens. E estava feliz com isso, bem-resolvida nas minhas ocupações independentes e solitárias.

Aí vc chega com um jeito de quem não vai ocupar espaço nenhum, tipo sem fazer barulho, tipo na ponta dos pés... Tipo um gato que só vai tomar quietinho o seu prato de leite e depois partir em sua agilidade felínica. E, nessas condições, eu deixo vc entrar. Certa de que o meu papel seria simplesmente o de colocar o leite no prato e depois te ver saltar ligeiro para sei lá onde - e nem me importaria saber. Certa de que seria como um trem que atravessa a ponte, pára rápido e segue adiante.

Mas, seu tempo era outro. Você demorou e depois demorou mais e depois demorou mais ainda. E, ao invés de ter ido embora, ainda tá aqui, andando por lugares para os quais eu não dei passagem, mas que você, sem eu perceber, acessou com sua calma. E está deitado, esparramado, exatamente como um gato folgado! Gato que eu, agora, estou morrendo de vontade de afagar, mas receio que, se o fizer, vai embora assustado, com toda a sua desconfiança nos seres humanos. Ou que, de medo, me arranhe. Se ao menos você soubesse que tipo de humana sou eu...

Como eu pude confiar em mim? Como eu pude ser tão boba de achar que eu consegueria manter a minha guarda? Como eu não sabia que você, com toda a sua lentidão - e por causa dela-, ia fazer tudo acontecer tão rápido?!?

4 comentários:

Amanda disse...

Claramente sei de quem vc está falando!! Rs

Espero que vc esteja bem e menos ansiosa! Continue com sua tese, seus estudos, yoga e tarô. Afinal, ainda é vc, e só vc (e que sempre vai ser). O resto, ah, o resto é só ganho.

Beijoooo

Alessandra Teixeira disse...

Viu porque eu sempre digo que gosto de todos os animais, inclusive dos gatos, mas tenho muito medo deles, especialmente se eu não os conheço bem?

É, tudo é ganho.

Bjo de amor pra vc.

MarianaMSDias disse...

Ah! Olha quem voltou dos perdidos da Europa para deixar um pouco das suas impressões do mundo!

Só vou te repetir uma frase de Jean Cocteau: "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.". Simples assim!

Sim, tudo é ganho, abra o coração.

Se vc ainda não leu, leia aqui: http://dedentrodefora.blogspot.com/2009/11/21092009-espacos.html

Fala um pouco sobre isso tudo que passamos um dia, quando menos esperamos, muitas vezes quando nem queremos!

Mas é justamente quando não procuramos que recebemos as maiores surpresas. Enjoy.

Mas lembre-se, não se apegue, saiba sempre quem é o principal: somos nós.

Beijo grande.

Carvalho disse...

Meu noivo também foi chegando assim hein. ;)